Sobre a “guerra fiscal” entre os
lugares na disputa por unidades das grandes corporações transnacionais, um dos
efeitos da globalização, Milton
Santos escreveu:
“Mas, quando analisamos as
condições técnicas e normativas criadas, entendemos que esse processo de
criação de valor acaba tendo, para a sociedade como um todo, um alto custo e
produz uma alienação advinda da extrema especialização urbana e regional numa
produção exclusiva. Mais tarde, a cidade descobre que essa produtividade
espacial, esforçadamente criada, não é duradoura e, quando envelhece, o lugar é
chamado a criar novos atrativos para o capital. Mas as empresas também convocam
o resto do território a trabalhar para seus fins não só egoístas, mas também
inconstantes, de modo a assegurar um enraizamento do capital que é sempre
provisório. E, como um capital globalmente comandado não tem fidelidade ao
lugar, este é continuamente extorquido. O lugar deve, a cada dia, conceder mais
privilégios, criar permanentemente vantagens para reter as atividades das
empresas, sob ameaça de um deslocamento.”
Santos, Milton. O Brasil: território e sociedade no início do
século XXI. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011. (p. 107).