segunda-feira, 21 de novembro de 2011

ERJ


Este texto contém uma análise global e sucinta da realidade do Estado do Rio de Janeiro, a partir dos dados específicos distribuídos pelos capítulos do Anuário Estatístico, versão 2010.


Os temas destacados neste comentário compreendem: território, indicadores demográficos, educação, habitação, participação eleitoral, justiça, segurança pública, defesa civil, infraestrutura (energia e transportes) e economia (PIB, emprego e trabalho, previdência social, indústria, comércio, serviços e exportações, finanças públicas e turismo), conforme se pode observar a seguir:


Território


O Estado do Rio de Janeiro situa-se na Região Sudeste, a região geoeconômica mais importante do país, respondendo, juntamente com São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, por mais de 50% do PIB brasileiro. É um dos principais portões de entrada do Brasil e está estrategicamente bem localizado em relação ao MERCOSUL.


O território fluminense, com uma área de 43.766,6 km2 (ver Texto de Apresentação da Seção I), está dividido em 92 municípios, agrupados em oito Regiões de Governo. Dentre eles, vinte e sete foram criados entre 1986 e 1995. Destes, dez foram criados em 1995 e instalados em janeiro de 1997, quando tomaram posse seus primeiros Prefeitos e Vereadores. O mais novo município é o de Mesquita – desmembrado de Nova Iguaçu –, criado pela Lei estadual nº 3.253, de 25/09/99, e instalado em 1º de janeiro de 2001.


Identificam-se nesse território dois grandes domínios morfológicos: as terras altas e as baixadas. Fazem parte das terras altas o Planalto de Itatiaia e inúmeras serras, como a dos Órgãos e a da Bocaina, cujos pontos culminantes são Agulhas Negras (2.791,55m), Pedra dos Três Picos (2.310m) e Pico do Macela (1.840m), nos Municípios de Itatiaia, Teresópolis/Nova Friburgo e Parati, respectivamente. Por suas características, tornam-se importantes pontos de atração turística.


A altitude do Pico das Agulhas Negras foi alterada em função dos resultados do Projeto Pontos Culminantes, desenvolvido pelo IBGE, em parceria com o Instituto Militar de Engenharia (IME), com “... a utilização de recursos mais modernos e novas tecnologias, como o GPS (Sistema de Posicionamento Global – sofisticado sistema de navegação e posicionamento por satélite -...” (IBGE). As medições anteriores eram feitas com o auxílio do barômetro, aparelho usado para medir a pressão atmosférica e a altitude. Em setembro de 2004, foram verificados os Picos da Neblina, 31 de Março, Agulhas Negras e Pedra da Mina. Em julho de 2005, completou-se o Projeto com o Monte Roraima.


A nova medida do Pico das Agulhas Negras é 4,55m maior do que a anterior. Mesmo assim, não impede que, na ordem de grandeza dos picos brasileiros, ele seja ultrapassado pelo Pico da Pedra da Mina (2.798,39m), localizado no Município de Passa-Quatro, em Minas Gerais. O Pico das Agulhas Negras é o quinto mais alto do Brasil, depois dos Picos da Neblina (2.993,78m), 31 de Março (2.972,66m), da Bandeira (2.891,98m) e da Pedra da Mina.


Encontram-se nas terras altas, sobretudo nas áreas de relevo mais acidentado, os mais expressivos remanescentes da Mata Atlântica, assim como as maiores evidências de regeneração natural desta floresta.


As baixadas, embora tenham o nome genérico de Baixada Fluminense, são mais conhecidas pelas suas denominações locais: Baixada dos Goytacazes (ou Campista), Baixada dos Rios Macaé e São João, Baixada da Guanabara e Baixada de Sepetiba. A denominação Baixada Fluminense fica restrita à porção do território que abrange os Municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João de Meriti.


A mais importante bacia hidrográfica é a do Paraíba do Sul. Seu principal rio é o mais extenso do Estado, com 464 km de comprimento. Além dele, podem-se citar o Guandu (26,5km), o Itabapoana (215,7km), o Macabu (136 km), o Macaé (85 km), o São João (75 km) e o Mambucaba (29,2km). São aproveitados para o abastecimento d'água, o uso agrícola e a geração de energia elétrica.


Dentre as bacias hidrográficas do Estado, as que se localizam na Região da Costa Verde apresentam mais de 60% de suas áreas cobertas por florestas. Em contrapartida, as que se encontram nas Regiões Norte e Noroeste Fluminenses são as menos florestadas, com menos de 1% de suas áreas cobertas por esta classe de vegetação.


De acordo com o Mapa de Uso e Cobertura do Solo - 2001, elaborado pela Fundação CIDE (incorporada à FESP, que passou a se denominar CEPERJ – Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro, pela Lei n° 5.420, de 31 de março de 2009), apenas 31,7% do território estadual são cobertos por vegetação remanescente (florestas, mangues e restingas) e secundária. O restante é ocupado principalmente por pastagens, áreas cultivadas e/ou urbanizadas.


Os ecossistemas do Estado têm sofrido intensa e contínua degradação devido a uma série de problemas, sendo denominador comum os incêndios, as queimadas, os desmatamentos e as ocupações irregulares.


As áreas naturais protegidas - Unidades de Conservação -, sob tutela federal e estadual, cobriam, segundo o IQM-Verde II, publicação da Fundação CIDE lançada em 2003, cerca de 10,7% da área do Estado. Nelas, se encontravam 63,7% das florestas fluminenses.


A mais recente Unidade de Conservação de Proteção Integral do Estado do Rio de Janeiro é o Parque Estadual Cunhambebe, criado pelo Decreto Estadual n° 41.358, de 13/06/2008, abrangendo os Municípios de Angra dos Reis, Itaguaí, Mangaratiba e Rio Claro. Trata-se de “... uma região de vegetação nativa, formando um contínuo florestal com o Parque Nacional da Serra da Bocaina e a Terra Indígena de Bracuhy, o que assegura a preservação de espécies animais e vegetais ameaçadas com a fragmentação dos remanescentes da Mata Atlântica. Do total da área prevista do Parque, 95% são compostos por florestas bem conservadas. O Parque também vai preservar importantes fontes de abastecimento de água para a população do sul do Estado, como a Bacia da Represa de Ribeirão das Lajes.” (INEA, 2010)


Infraestrutura


Lançado no início de 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC estabeleceu um conjunto de regras, compromissos de ação e diretrizes de governo que objetivam um crescimento econômico de 5% ao ano, no período 2007/2010. O Programa está dividido em três eixos de infra-estrutura: logística (rodoviária, ferroviária, portuária, hidroviária e aeroportuária); energética (geração e transmissão de energia elétrica, petróleo, gás natural e energias renováveis) e social e urbana (Luz para Todos, saneamento, habitação, metrôs, recursos hídricos).


Como exemplo, podemos citar a construção do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro orçado em R$ 1.067,0 milhões que ligará Itaguaí a Itaboraí passando por fora da cidade do Rio de Janeiro, deslocando o fluxo de cargas que cruza a cidade para atravessar a Baía de Guanabara.


No Estado do Rio de Janeiro, o PAC prevê investimentos da ordem de 4 bilhões de reais gerando 14.652 empregos.


Além desses investimentos o Estado do Rio de Janeiro também contará com a alocação de R$ 200 milhões na dragagem do Porto de Itaguaí melhorando as condições para exportações das siderúrgicas instaladas naquela área. Outro investimento importante é a construção do Complexo do Açu cujos investimentos totais estão previstos em R$ 34,3 bilhões que incrementará o apoio logístico à produção e comércio de petróleo da Bacia de Campos.


Economia


Indústria


Quanto à estrutura industrial, cerca de 68 % eram da indústria de transformação, com destaque para os gêneros industriais “refino de petróleo” (30,6%), “metalurgia básica” (14,6%), “produtos químicos” (7,7%), “alimentos e bebidas” (7,6%) e “veículos automotores” (8,1%).


Com relação aos investimentos decididos por empresas no estado, a FIRJAN informa que o valor do investimento em 2010-2012 será de R$ 43,3 bilhões. As principais empresas contempladas foram: Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro no setor petroquímico, Furnas, OGX e Light no setor energético e CSN e GERDAU no setor Siderúrgico.


» Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro


O Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – será construído numa área de 45 milhões de metros quadrados localizada no município de Itaboraí, com investimentos previstos em torno de US$ 8,38 bilhões. A produção de resinas termoplásticas e combustíveis consolidará o Rio de Janeiro como grande concentrador de oportunidades de negócios no setor, estimulará a instalação de indústrias de bens de consumo que têm nos produtos petroquímicos suas matérias-primas básicas e irá gerar cerca de 212 mil empregos diretos, indiretos e efeito renda, em âmbito nacional. Com início de operação previsto para 2012, o Comperj tem como principal objetivo aumentar a produção nacional de produtos petroquímicos, com o processamento de cerca de 150 mil barris/dia de óleo pesado nacional.


Por sua dimensão, o Comperj transformará o perfil socioeconômico da região de influência do empreendimento – que inclui os municípios de Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim, Tanguá e Teresópolis – e consolidará o Rio de Janeiro como grande concentrador de oportunidades de negócios no setor de petroquímicos. Sua produção estimulará a instalação, em municípios da área de influência do empreendimento, de indústrias de bens de consumo que têm nos produtos petroquímicos suas matérias-primas básicas.


Plano de Relacionamento do Comperj


Além do Programa de Comunicação e Responsabilidade Social que comporá o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima), a Petrobras, baseada em suas políticas e diretrizes de responsabilidade socioambiental, elaborou um Plano de Relacionamento do Comperj que prevê ações para o desenvolvimento sustentável local e a prática do diálogo permanente.


Com base no Projeto De Olho no Ambiente, que busca articular Agendas 21 Locais, o cronograma do Plano de Relacionamento prevê o início das oficinas socioparticipativas setoriais em agosto de 2007; a elaboração dos Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável (PLDS) até novembro de 2007; e a publicação do documento final consolidado das Agendas 21 de todos os municípios até julho de 2008.


As Ações de Relacionamento também incluem capacitação profissional e empresarial por intermédio dos Centros de Integração do Comperj, que serão instalados em cada município da área de influência do empreendimento. Além disso, será desenvolvida uma Rede de Aprendizagem, com espaços para arquivamento de documentação, debates, seminários e um portal de relacionamento na internet.


Centro de Integração do Comperj


Com o intuito de maximizar a participação da mão-de-obra local na implementação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, a Petrobras desenvolveu o Centro de Integração do Comperj que realizará a qualificação e capacitação de cerca de 30 mil profissionais nos 11 municípios situados na área de influência do empreendimento (Itaboraí, São Gonçalo, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Niterói, Maricá, Magé, Rio Bonito, Silva Jardim e Tanguá).


Serão oferecidos 60 tipos de cursos gratuitos divididos em 5 ciclos anuais. Desse total, 82% serão em nível básico, 17% em nível técnico e 1% em nível superior. O ingresso será feito por processo seletivo.


O 1° Ciclo de Qualificação Profissional do Centro de Integração do Comperj teve início em maio de 2007, oferecendo cursos na área de construção civil. Atualmente, 1.580 alunos já foram qualificados e outros mil estão em sala de aula. Os cursos deste Ciclo estão sendo ministrados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).


Um novo ciclo iniciou em abril deste ano, destinado à qualificação de Operadores de Grandes Equipamentos, utilizados na etapa de terraplenagem do Comperj. As aulas iniciaram em julho, nas instalações do Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) em São Gonçalo, instituição responsável pela capacitação dos profissionais, e no terreno do Comperj, em Itaboraí, onde ocorre a parte prática.


O público-alvo, o conteúdo programático e o cronograma das aulas fazem parte do Plano de Qualificação Profissional, atualizado periodicamente para assegurar que o Centro de Integração do Comperj esteja alinhado com as necessidades regionais.


Os profissionais capacitados pelo Centro de Integração farão parte de um banco de dados de candidatos a empregos no Comperj e nas empresas que serão atraídas para a região. A idéia é fazer do Centro de Integração um grande articulador local, capaz de contribuir para o desenvolvimento social e industrial na área de abrangência do Comperj.







quinta-feira, 28 de julho de 2011

População e diversidade cultural no Brasil. ( Cap. 22 Pgs. 353...)

• Nação brasileira como projeto político esboçado no império.

• Existem raças ou etnias?

Formação da etnia brasileira

o “cunhadismo”

o “brasilíndio” e sua “guerra” por autoafirmação.

o “nheengatu”, tupi falado em boca de português, ou “língua geral”que dominava o território.

os negros de várias etnias, estratégia de fragmentação dos colonizadores.

os escravos negros, os afro-brasileiros e os brasilíndios do nordeste seco como disseminadores da língua portuguesa.

o ”afro-brasileiro”, o mulato: gente de serviço; provedores de gêneros e pescadores; o “malandro” no Rio de Janeiro.

os “crioulos”, portuguêses nascidos na colônia: proprietários de terras, camponeses e aventureiros.

Duas miscigenações, a física e a cultural.

 Por que ocorreu a miscigenação física? Qual é a relação desse fato com a diferença entre “colônia de povoamento” e “colônia de exploração”?

• A histórica negação do caráter mestiço de nosso povo. A negação de tudo que não é espelho.

A crença na inferioridade biológica do negro, do índio e mais ainda de suas misturas.

Após a Lei Áurea, o preconceito quanto ao trabalho do ex-escravo.


Teoria de Democracia Racial.

O confronto entre “raças” no Brasil foi evitado com a miscigenação que trouxe a harmonia social?

 A favela é a nova senzala? Até que ponto?

 No Brasil, há discriminação étnico-racial, social ou ambas se confundem?

 Quem é mais discriminado, o índio, o negro, o mestiço ou o pobre?

Políticas Afirmativas.

reconhecimento de propriedade dos Quilombos.

cotas para afro-descendentes, indígenas e alunos de escolas públicas nas universidades públicas.

leis contra discriminação racial.

 As Políticas Afirmativas podem ser vistas como nova negação do caráter mestiço predominante em nosso povo?

  •  O IBGE e seus atuais cinco grandes grupos de cor:

 Branco

 Pardo

 Preto

 Amarelo

 Indígena

Africanidade

Os negros do Brasil foram trazidos principalmente da costa ocidental africana.

Três grandes grupos:

O primeiro, das culturas sudanesas, é representado, principalmente, pelos grupos YORUBA, chamados NAGÔ; pelos DAHOMEY, geralmente denominados GEGÊ; pelos FANTI-ASHANTI, conhecidos como MINAS; além de muitos representantes de grupos menores da Gâmbia, Serra Leoa, Costa da Malagueta e Costa do Marfim.

O segundo grupo trouxe ao Brasil culturas africanas islamizadas, principalmente os PEUHL, os MANDINGA e os HAUSSA, do norte da Nigéria, identificados na Bahia como negros MALÉ e no Rio de Janeiro como negros ALUFÁ.

O terceiro grupo cultural africano era integrado por tribos BANTU, do grupo congo-angolês, provenientes da área hoje compreendida pela Angola e a “contra-costa”, que corresponde ao atual território de Moçambique.

Centenas de povos tribais que falavam dialetos e línguas não inteligíveis uns aos outros.

As diferenças religiosas também os desunia.



Difusão da Língua Portuguesa.



No Nordeste açucareiro, a “língua geral” foi prontamente substituída pelo português. Isso porque sua população principal de escravos e afro-brasileiros, sendo compelida a adotar a fala do capataz pra se comunicar com os outros escravos, realizou o papel de consolidar a língua portuguesa no Brasil. Mais tarde a escravaria maciça, conduzida para a região mineira no centro do território, cumpriria a mesma função de introdutora da língua portuguesa.

O brasilíndio do nordeste seco (“cabeça-chata” do sertão, filho de mulato com índio tapuia), que foi quem ocupou as maiores áreas do Brasil, tangendo gado, não adotou nenhuma língua das regiões que habitou, mas foi outro difusor da língua portuguesa, porque seguramente já saíram do litoral lusitanizados.







Fonte: Ribeiro, Darcy. O povo brasileiro: evolução e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia da Letras, 1995.


Questões:

Com base nos textos, explique os enunciados abaixo.

1. Observa-se que a língua foi um importante fator de controle social e estabelecimento de território na colônia Brasil.

2. Religiões diferentes entre os escravizados facilitava sua escravização.

exercícios

1. Na formação do povo brasileiro, é inadequado falar em miscigenação racial.




• Faça uma resenha crítica sobre o enunciado com base em nossos estudos sobre o tema.

• É obrigatório o emprego das palavras: etnia (variações); brasilíndio; afro-brasileiro;

exercícios.

2. “O surgimento de uma etnia brasileira, inclusiva, que possa envolver e acolher a gente variada que aqui se juntou, passa tanto pela anulação das identificações étnicas de índios, africanos e europeus, como pela indiferenciação entre as várias formas de mestiçagem, como os mulatos (negros com brancos), caboclos (brancos com índios), ou curibocas (negros com índios).”




Identifique os possíveis antagonismos entre a idéia central do texto de Darcy Ribeiro, as políticas afirmativas e a classificação por grupos de cor do IBGE.

sábado, 28 de maio de 2011

A Epidemia da Beleza.

Movidos pela vaidade, pelo menos 130 mil crianças e adolescentes submeteram-se, no ano passado, a operações plásticas.

Qual a extensão desse servilismo à estética? A situação é mais grave do que se imagina. Pesquisa feita pela MTV sobre o perfil dos jovens brasileiros de 15 a 30 anos de idade, divulgada na quinta-feira, revela uma epidemia de preocupação com a beleza física.

Em parceria com o Datafolha, a MTV perguntou aos entrevistados, por exemplo, se trocariam 25% de inteligência pela mesma proporção de beleza.

Resultado: 15% foram francos o suficiente para admitir a troca. Nem se preocuparam com o fato óbvio de que a beleza física passa rapidamente, mas a inteligência física.

Fiquei me perguntando se os jovens dispostos à troca já não teriam um QI não muito elevado. A julgar pela pesquisa, o problema não está no QI. Trata-se de um mal que afeta parte expressiva de uma geração das classes A, B e C.

O principal resultado desse perfil é ter detectado até que ponto vai a reverência exacerbada à beleza física. Convidados a definir os traços que melhor definem a atual geração, os entrevistados colocaram em primeiro lugar – e bem na frente – a vaidade. Depois, aparecem o consumismo, o individualismo e o comodismo.

Por que está ocorrendo essa “epidemia da beleza”? A resposta é óbvia – e nós, da mídia, somos em parte responsáveis por isso.

Há uma supervalorização da aparência. Seres anoréxicos e fúteis, quase inumanos, são apresentados como padrão de beleza e de sucesso. A mídia, por sua vez, não se limita a fotografá-los, mas freqüentemente busca suas opiniões sobre os mais diversos temas, de política a transgênicos.

Dissemina-se um culto à celebridade, que dá lugar ao surgimento de uma espécie de casta na sociedade, a casta dos “famosos”. E, para ser famoso, não é preciso necessariamente fazer algo de relevante – basta aparecer.

É o domínio da fugacidade. A internet, na sua extraordinária velocidade em tempo real, é a síntese tecnológica da voracidade do presente, do agora.

A pesquisa mostra, de um lado, o narcisismo entre jovens e, de outro, um ceticismo. São as duas faces de uma mesma moeda. Políticos são sempre ruins, independentemente dos partidos.

O jeito, portanto, é o salve-se-quem-puder. Se não existem utopias – e toda utopia é um pacto com o futuro – nem se acredita na política, sobra apenas a saída individual.

Até porque a mensagem predominante é a do consumismo como fonte de prazer e de realização.

As próprias relações pessoais acabam refletindo esse imediatismo individualista. “Ficar”significa namorar sem estabelecer nenhum laço emocional – laços emocionais implicam compromisso.

“O próprio ficar já está derivando seu sentido para algo mais superficial, onde sentimentos, ainda que momentâneos, já chegam a estar totalmente ausentes”. Servis ao ideal da beleza física, pais abrem mão da condição de adultos, como se quisessem prolongar a adolescência. Não querem ser pais de seus filhos, mas amigos. Não cobram, não dão limites, não exigem. O pai muito amigo é, porém, um candidato a futuro inimigo do filho. “Os filhos já evidenciam certo desconforto com a ausência da porção pai e o excesso do lado amigo”, observam os pesquisadores.

O culto à futilidade é não só um transtorno individual – em que a pessoa passa a viver apenas em função do superficial e do fugaz – mas também um transtorno coletivo.

Em comparação com o levantamento realizado em 1999, houve uma redução do número de jovens dispostos a realizar trabalhos comunitários.

Explicável: na lógica do narcisismo, o outro só serve de espelho. Será que essa onda vai diminuir? Talvez.

Registraram-se, nas conversas da fase qualitativa da pesquisa, sinais de esgotamento decorrentes dessa multiplicidade de estímulos fugazes, sem laços. Começa-se a perceber que tudo, intenso e imediato, resulta em nada.

P.S.* - Em meio a essa cultura da futilidade, tenho visto um movimento de resistência de jovens que, atentos ao que ocorre ao seu redor, estão querendo fazer a diferença.Tenho visto também escolas e educadores colocarem na prática escolar o estímulo à colaboração. Esse deveria ser o padrão de comportamento, não a exceção, numa comunidade civilizada. Podem me chamar de nostálgico, mas, se ser jovem é ficar obcecado pela beleza e viver em regime alimentar ou achar que se comunicar é ficar na frente de um computador, prefiro ser velho. Sou dos que acham que um dos bons prazeres da vida é ouvir, pessoalmente, sem tela nem terminais, conversa de gente falando das dores, delícias e encantamentos das experiências.



Gilberto Dimenstein, Folha de São Paulo, 08/05/2005

* Post-scriptum = escrito depois

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fordismo E Taylorismo

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Ppt 9 TectóNica De Placas

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Vegetação

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quinta-feira, 10 de março de 2011

Apres Cerrado Bioloja

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Mata AtlâNtica

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quarta-feira, 2 de março de 2011

Reflexões Sobre o Espaço Geográfico.

  • Para enterder a sociedade humana a Geografia estuda sua apropriação sobre o meio onde se reproduz, o Espaço Geográfico
  •  Essa apropriação se dá ao longo da história de forma conflituosa, evolui com a evolução das técnicas, muda com a mudança cultural e se reproduz no cotidiano.
  • A paisagem cultural é a forma, a aparência desse Espaço, sua materialização. 
  •  O Espaço Geográfico é a manifestação espacial do que somos em conjunto (sociedade) e isso condiciona e desafia o indivíduo.
  • O Espaço Geográfico é portanto uma ação, daí sua contínua fluidez.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Rodovia, técnica e violência.

Segundo Milton Santos, as técnicas são um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o homem realiza sua vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço (Santos, 1996). São as técnicas que possibilitam ao homem impor sua vontade e seus objetivos sobre os ditames da natureza.

A partir da conceituação, temos que, ainda segundo Santos, o surgimento de uma nova técnica implica a reconstrução do espaço original com a refuncionalização do sistema de objetos naturais e artificiais em decorrência da alteração do sistema de ações.

Nesse ínterim, a rodovia, assim como a ferrovia, é uma técnica que ao instalar-se altera a apropriação econômica do meio natural e artificial pré-existentes; a ocupação humana; os transportes; as distâncias; o tempo; a percepção do espaço vivido gerando, segundo Gallais 1977 p. 4 citado por Corrêa 1992 p. 32, “uma cadeia relativamente neutra de unidades quilométricas” que, de acordo com Corrêa, ao eliminar certas especificidades do meio e estruturar-se com base na homogeneidade cultural imposta pela indústria, altera a concepção de espaço e tempo, antes concebidos descontinuamente, com bloqueios ou cortes brutais (Corrêa 2008 p. 32). Para um maior aprofundamento da discussão sobre diferentes concepções de tempo e espaço vide Harvey 2009 cap. 13.

A rodovia é por natureza estranha ao lugar. Muitas vezes dilacerante e mutiladora do espaço vivido, violentamente insere-se no cotidiano local impondo mudanças no traçado original das vias de circulação locais, demolição de prédios etc. que foram constituídos histórica e dialeticamente entre sociedade e meio. A rodovia é, nesse sentido, uma ruptura com o tempo e o espaço construídos pela sociedade local, uma vez que traz um ritmo externo à vida comunitária e violenta suas formas de manifestações espaciais que buscavam paralisar exatamente o fluxo do tempo (Harvey, 1992 p. 191 citação de Karten Harries). A rodovia é a vitória do fluxo sobre a forma, do dionisíaco sobre o apolíneo de Nietzsche, da fluidez sobre a fixidez, do passageiro sobre o “eterno”.









Bibliografia:



CORRÊA, R. L. Geografia: conceitos e temas. 11ª ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2008. Espaço, um Conceito-chave da Geografia.



HARVEY, David. Condição Pós-moderna. Uma Pesquisa sobre as Origens da Mudança Cultural. 18ª ed. São Paulo. Ed. Loyola, 1992.



SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço. Técnica e Tempo. Razão e Emoção – 4ª ed. 2ª reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006 – (Coleção Milton Santos, 1).